sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Compromisso para o ano 2012

Diante de mim e sob pena de perder o respeito por minha própria palavra



           

eu me comprometo buscar e defender qualidade de vida
                                                                 em tudo o que eu faço e em todos os lugares onde eu esteja.

E me comprometo também a estar presente aqui e agora

a despeito do prazer ou dor que este  momento me traz 

fazendo a parte que me cabe do melhor modo que sei

sem me queixar do mundo

nem culpar os outros pelos meus erros e fracassos

mas antes me aceitando imperfeito, limitado e humano.


Mesmo que tudo recomende o contrário

Eu me comprometo amar, confiar e ter esperança

preparando-me com disciplina e coragem para os ideais que ainda

espero  e vou alcançar


 sabendo que tudo começa simples e singelo.

De corpo, cabeça e coração
Eu me comprometo crescer sempre, muito
de todos os modos possíveis
de todos os jeitos sonhados
até que a vida me considere apto para a morte.

         Geraldo Eustáquio de Souza
 








Eu também assino: Tereza         
                                                  ...e você???











quarta-feira, 30 de novembro de 2011

VALIDADE DA PSICANÁLISE PARA O MEDITADOR







                A se admitirem especulações ulteriores sobre a relação entre Zen e a Psicanálise, poder-se-á considerar a possibilidade de que a Psicanálise seja importante para o estudante de Zen.

Visualizo-a como um auxílio na evitação do perigo de uma falsa Iluminação, um falso Esclarecimento (que, naturalmente não é esclarecimento algum), e sim, puramente subjetivo, baseado em fenômenos psicóticos ou histéricos ou num estado de transe auto-induzido.

A clarificação analítica ajudará o estudante Zen a evitar ilusões, cuja ausência é a própria condição do Esclarecimento ou Iluminação.

Zen Budismo e Psicanálise – Erich Fromm 

Em outras palavras - a psicoterapia, a psicanálise, ajudam a evitar que pessoas busquem e pratiquem o caminho da iluminação apenas para melhor alimentar suas neuroses, fugindo totalmente do sentido que os mestres propagam.
Tereza



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Homem ... ou o quê?


A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro.

Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo. Mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode.

Todos levam consigo, até o fim, viscosidades e cascas de um ovo de um mundo primitivo.

Há os que não chegam jamais a ser homens, e continuam sendo rãs, esquilos e formigas.

Outros que são homens da cintura para cima e peixes da cintura para baixo.

Mas cada um deles é um impulso em direção ao Ser.

Hermann  Hesse


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Se me melhoro, ajudo a todos


Uma pessoa perguntou a Reb Pinchas:
‘ Como posso rezar pedindo para que alguém se arrependa de suas faltas, quando esta oração, se for ouvida nos céus, representa uma clara interferência no livre-arbítrio desta pessoa?’

Respondeu o rabino:

- O que é Deus?  É a totalidade das almas.


Seja lá o que existir no todo, também existe na parte. Portanto, em cada alma, todas as almas estão contidas.

Se eu me transformo e cresço como indivíduo, eu mesmo contenho em mim a pessoa a quem quero ajudar, e esta contém a mim nela.


Minha transformação pessoal ajuda a tornar o ‘ele-em-mim’ melhor e o ‘eu-nele’ melhor também.

Desta forma fica muito mais fácil para o ‘ele-nele’ tornar-se melhor.’

... Nos mundos interiores há uma intercomunicação direta com o outro, sem termos que passar por vários dos meios distorcidos da comunicação. Podemos portanto,  estabelecer mais concórdia através de um trabalho interno de crescimento pessoal do que através da determinação racional ou mesmo de bom senso sobre o que é extremamente justo.

 Talvez tudo isto seja complexo demais para nosso tempo, no qual a compreensão das relações interativas está apenas engatinhando. A ecologia, ainda que de forma grosseira está abrindo caminho para esta nova percepção, que será banal e comum no futuro: o que se faz aqui, reflete lá, porque em última instância, tudo é Um.


...  Impossível aperfeiçoar-nos sem o auxílio do outro que permite nos avaliarmos e buscarmos transformação.






Portanto, não fosse pelo outro-em-mim, dificilmente haveria a consciência do eu-em-mim, e assim por diante. A interação é a geradora do fenômeno da existência.




Porém, tudo isto que não é ainda do nosso tempo fica pendente, à espera da compreensão do futuro. Reconhecemos que não detemos a necessária tecnologia de paz e que, até o desenvolvimento de consciências interativas mais sofisticadas, permaneceremos com dificuldades de avaliar estes  ele-em-mim  e o  eu-nele.


A frase ‘ama ao próximo como a ti mesmo’ é uma mensagem  do futuro, que poderia ser lida como ‘ama o outro em ti mesmo’. O outro é  eu-nele,  eu mesmo sou o  ele-em-mim.




... Na medida em que reconhecemos nossa limitação quanto a poder realmente assumir o lugar do outro e julgá-lo de sua própria posição, abrimos espaço para aproximações.


Comparemos esta fala com o poema de Moreno* sobre o verdadeiro Encontro 


“Vou arrancar meus olhos e os colocarei no lugar dos teus.


Tu arrancarás teus olhos e os colocará no lugar dos meus.


Assim vou te ver com os teus olhos


E tu me verás com os meus.”




Referencia A cabala da inveja-Nilton bonder e Psicodrama, Jacob Levy Moreno*  o criador da terapia Psicodrama

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Autobiografia em cinco capítulos

1
Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio.
Estou perdido, sem esperança
Não é culpa minha
Levo uma eternidade para encontrar a saída.

         2
Ando pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar
Mas não é culpa minha.
Ainda assim levo um tempão para sair.

           3
Ando pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele está ali
Ainda assim caio... é um hábito.
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa.
Saio imediatamente.

          4
Ando pela mesma rua
Há um buraco na calçada.
Dou a volta.


5
Ando por outra rua.



Referência citado em O livro tibetano do viver e do morrer, Sogyal Rinpoche


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Iluminação

O Satori (a iluminação) não é um estado de espírito anormal; não é um transe em que a realidade desaparece.
Não é um estado de espírito narcisista, como que se pode ver em algumas manifestações religiosas.
"A ser alguma coisa – é um estado de espírito perfeitamente  normal".


Se tentássemos exprimir Iluminação em termos psicológicos, eu diria que é o estado em que a pessoa se acha completamente afinada com a realidade fora e dentro de si mesma,
o estado em que ela tem plena percepção dessa realidade e a apreende plenamente.

Ela tem percepção da realidade- não pelo seu cérebro nem qualquer outra parte do seu organismo, mas ela, a pessoa toda.

Tem percepção dela, não como um objeto colocado lá adiante, que se apreeende com o pensamento, mas dela, da flor, do cão, do homem – em sua plenitude.

Aquele que desperta se torna aberto e receptivo para o mundo,
e pode tornar-se aberto e receptivo porque deixou de aferrar-se a si mesmo como a uma coisa e, assim, se tornou vazio e pronto para receber.
Ser iluminado significa ‘o pleno despertar da personalidade total para a realidade’.

Referência Zen budismo e psicanálise  Erich  fromm

domingo, 25 de setembro de 2011

A maior das ilusões

É aquela de que alguém ou algo vai nos completar.

A principal de todas as ilusões é a que admite que alguma coisa pode satisfazer a necessidade de alguém.

Esta ilusão permanece atrás de tudo que é intolerável e na frente de todo progresso.

Referência Carl Gustav Jung

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Custa tanto

Custa tanto ser uma pessoa plena, que muito poucos são aqueles  que tem a luz ou a coragem de pagar o preço...
É preciso abandonar por completo a busca de segurança e correr o risco de viver com os dois braços.

É preciso abraçar o mundo como um amante.

É preciso aceitar a dor como condição de existência.

É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como o preço do conhecimento.

É preciso ter uma vontade obstinada no conflito, mas também uma capacidade de aceitação total de cada conseqüência do viver e do morrer.

Referência As sandálias do pescador Morris West


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Alegria atenta



Enquanto me concentro na Alegria Atenta, me lembro da idéia simples de minha amiga Darcey.

Me falou certa vez que toda tristeza e dificuldade deste mundo é causada por pessoas infelizes.

A busca pelo contentamento não é apenas um ato de auto-preservação e de auto-benefício, mas também um generoso presente ao mundo.

Você deixa de ser um obstáculo não apenas para si mesmo, mas para qualquer outra pessoa.

Só então fica livre para ajudar e desfrutar outras pessoas.


Ketut meu xamã,  um dia me disse:
“ Fique sentada em silencio e sorria.”
Prá quê cara séria ao fazer yoga?
Cara séria assim, você assustar energia boa.
            
Sorrir com o rosto, com a mente, e boa energia vem até você e limpa energia suja.

 Sorrir até no seu fígado. Sem pressa, sem se esforçar demais.

                Séria demais, fica doente. Você pode chamar energia boa com sorriso.”

               Referencia Comer Rezar Amar Elizabeth Gilbert



O que acontece numa psicoterapia?

Tive um professor que nos ensinava psicoterapia através de uma analogia interessante.Para fins didáticos, dividia o ser humano em sete partes.

      1.     A maneira da pessoa andar, falar, agir – aquilo que podemos observar.

2.     Amores, ódios, desamores - o lado afetivo.

      3.       Como a pessoa se percebe, como percebe o mundo e como percebe as pessoas. –  as         
 sensações e percepções.

      4.       O mundo imaginário, onde entram os sonhos, os desejos,  fantasias -  que fornecem a    brecha para se penetrar nas outras áreas desta pessoa  –  seu mundo da fantasia.

5.       Aspecto intelectual, ideológico, religioso e também os preconceitos. – o funcionamento cognitivo.

6.       Como a pessoa se relaciona com ela mesma e com os outros.  Do indivíduo Só, para o indivíduo Sócio - a sociabilidade.

7.       E onde isto tudo acontece e se manifesta que é  - no corpo físico.

Como os processos psicológicos se manifestam no corpo através das psicossomatizações, observamos tais manifestações psíquicas na parte orgânica: dores de cabeça, problemas digestivos, respiratórios, circulatórios, de pele... e muitos outros.

Então,
Imaginemos  cada uma destas sete partes sendo os mecanismos que põem uma carruagem para  funcionar, e que o cocheiro é a consciência da pessoa.


A carruagem – a sua própria vida  - está na estrada ou fora dela.
Na maior parte das vezes o cocheiro está sentado no fundo da carruagem , com medo de assumir as rédeas, ou confuso, sem entender o que está acontecendo com a carruagem.


O psicoterapeuta avalia o estado da carruagem e vai se sentar ao lado do cocheiro, buscando  uma maneira da pessoa assumir o seu lugar. Depois de avaliar ele  mostra ao cocheiro que ele certamente pode e tem força para dirigir a carruagem- sua -vida.  Normalmente isto está esquecido.


O trabalho do terapeuta é levar o cocheiro a perceber cada detalhe da carruagem , saber como ela funciona,  e saber olhar a estrada.
Aprender a distinguir em que momentos há subidas, em que momento há descidas, e que ele pode dirigir a sua carruagem da maneira que bem entender, ter condições inclusive, de sair fora  da estrada, se é isso que deseja.


Se ele está em condições de assumir esse caminho, fora da estrada, se tem estrutura emocional para isso, ele está certo. Ninguém precisa ser igual a todos.


Muitas vezes – não estamos dizendo sempre -  o problema que a pessoa apresenta é apenas uma forma que encontrou para reagir às normas do sistema, à família, ao grupo social a que pertence.
 Não é um trabalho para o psicólogo adequar a pessoa ao sistema. E sim tornar o sujeito capaz de se melhorar,  e  por conseqüência, melhorar o mundo.


O apoio de drogas tais como tranqüilizantes, calmantes, excitantes, são apoio que  devem ser usados com muito critério e na hora certa.


 Isto porque as épocas de crise que a pessoa  enfrenta são talvez as fases mais importantes de seu processo terapêutico, situação em que ele poderá avaliar o teor de suas fantasias, delirar, botar tudo para fora. Os remédios fazem estancar ou esconder a crise.


Aquilo que não se resolve, aparece novamente depois.





Sempre/ sempre lembramos – que cada caso é um caso - e uma pessoa  é única na maneira de responder ao seu mundo externo e interno. Isto deixa para a psicoterapia  uma enorme margem de criatividade benéfica embasada   nos conhecimentos do profissional.
tereza, psicóloga


















quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pessoas gregárias e populares

Sabemos que precisamos dos outros e que  a solidão absoluta pode  nos conduzir à loucura.
Mas ........ Sempre existe o outro lado da moeda.

Vejamos o que nos diz a renomada psicanalista Melanie Klein,  fruto de sua pesquisa e experiência clínicas que tanto contribuíram  para aprofundamento na análise do psiquismo.
Tereza, psicóloga

O ódio pode ser utilizado para desviar ou encobrir o desejo ou o amor.

Ora, as pessoas gregárias e ‘populares’ de modo particular estão se servindo do amor para desviar o ódio e seus perigos.


Essas pessoas reúnem uma coleção de amigos, de forma que, em lhes falhando alguém, sempre terão outro a quem recorrer.


Além do mais, ter amigos e ser estimado constitui a seus olhos prova de que também eles são bons, isto é, de que a periculosidade neles é inexistente ou controlada com segurança.

Assim, ao rodear-se de bondade da qual podem se servir a qualquer momento, recriam para seu uso, através de sua atitude fantasiada inconsciente – uma espécie de seio materno substituto que está sempre à sua disposição, nunca os frustrando ou falhando.





Esta importante fantasia de um seio sempre generoso e eterno constitui naturalmente a defesa por excelência contra a possibilidade do despontar em nós mesmos de sentimentos de privação ou de destrutividade.
 Naturalmente é possível produzi-la mediante diversos outros recursos além do de acumular uma multidão de amigos, ‘o mundo é sua ostra’.

 A essência da fantasia é que podemos obter tudo o que desejamos, e então nos sentimos assegurados contra o perigo do vazio e da destrutividade que despertam quando não conseguimos obtê-lo.

Mas esta necessidade pode ter aspectos vorazes e implica com freqüência em reduzida capacidade de assegurar-se ou de produzir uma quantidade suficiente das coisas boas da vida.




Aqueles que exigem muito dos outros, na realidade, raramente dão muito aos outros.

Referência Melanie Klein e Joan Rivière – Amor, ódio e Reparação








terça-feira, 26 de julho de 2011

Traição

...Embora este texto tenha sido direcionado para mulheres, serve para todos...

 
Para a mulher (homem) que foi traída na infância, persiste uma expectativa de ser traída pelo amante, pelo empregador e pela cultura.
Suas primeiras experiências com a traição muitas vezes provêm de um incidente, um único ou muitos, originado da sua própria linhagem feminina ou familiar.

 É mais um milagre da psique que uma mulher (homem) ainda possa confiar tanto, apesar de ter sido tão traída.


 As traições ocorrem quando aqueles que detêm  o poder vêem o problema e  a ele fecham os olhos.


 As traições ocorrem quando as pessoas não cumprem promessas, recuam depois de se comprometer a ajudar, a proteger, a defender, a dar apoio, afastando-se de atos de coragem e preferindo agir com indiferença ou como se estivessem ocupadas com outro assunto.


São também traições aquelas promessas não explícitas:

Pessoas que cuidam muito das outras e que de repente não cuidam mais;


Pessoas que se dizem muito amorosas e abertas, mas que na hora difícil se calam, se escondem ou não vão até à solução do impasse fingindo que fêz sua parte e que está tudo bem.




Referência Mulheres que correm com lobos



segunda-feira, 25 de julho de 2011

Qual o medo que te domina?


Qual o medo que te domina?
 Da morte? Da solidão?

Encontre-se nesta lúcida e esclarecedora análise do Caráter Social. Porque os tabus existem e são diferentes nas culturas? 
O que a sociedade exige de nós?


Quais tabus aceitamos para o bem da coletividade?
Saber, ajuda nos posicionar.

Tereza, psicóloga



A fim de sobreviver, qualquer sociedade precisa modelar o caráter de seus membros de tal maneira que eles queiram fazer o que têm de fazer .

Cumpre que sua função social se interiorize e transforme em alguma coisa que eles se sintam movidos a fazer, e não em alguma coisa que sejam obrigados a fazer.

A sociedade não poderá consentir em nenhum desvio desse padrão porque, se o ‘caráter social’ perder sua coerência e firmeza muitos indivíduos deixarão de proceder como se espera , e estará ameaçada a sobrevivência da sociedade em sua forma especificada.

 Claro está que as sociedades diferem na rigidez com que impõem seu caráter social e a observância dos tabus destinados à proteção  desse caráter, mas em todas as sociedades há tabus cuja violação resulta em ostracismo.

Todo indivíduo tem medo do ostracismo: Para não ficar louco, é preciso que ele se relacione de alguma forma com outros. A total ausência de relacionamento o conduzirá às raias da insanidade mental.

                  Enquanto animal, o homem tem muito medo de morrer.

E enquanto homem, tem muito medo da solidão.



Referencia Erich Fromm Zen budismo e psicanálise




segunda-feira, 4 de julho de 2011

A força criadora

... Alguns dizem que a vida criativa está nas idéias. Outros, que ela está na ação. Na maioria dos casos, ela parece estar num ser simples.

...Mas  - trata-se de amor por algo, de sentir tanto amor por algo – seja por uma pessoa, uma palavra, uma imagem, uma idéia, pelo país ou pela humanidade – que tudo o que pode ser feito com o excesso é criar.

Não é uma simples questão de querer, não é um ato isolado da vontade. Simplesmente é o que se precisa fazer.

A força criadora escorre pelo terreno da nossa psique à procura de depressões naturais, os canais que existem em nós.

... Escorre para todos os leitos de que dispomos, aqueles que nascemos com ele bem como aqueles que escavamos com nossas próprias mãos. Não temos de enchê-lo. Basta que os formemos.

...Enquanto criamos, o ser misterioso e selvagem está nos criando em troca, está nos enchendo de amor. Somos atraídas como os animais são atraídos pelo sol e pela água.
    Ficamos tão vivas que retribuímos distribuindo vida.

... Em nossa psique a vida criadora tem cheias e vazantes, sobe e desce com as estações, exatamente como um rio natural.

... A criatividade não é um movimento solitário. Nisso reside seu poder. O que quer que seja tocado por ela e quem quer que a ouça, que a veja, que a sinta, que a conheça serão alimentados. É por isso que a observação da idéia, da imagem, da palavra criadora de outra pessoa nos preenche e nos inspira para nosso próprio trabalho criativo.

...Se a abertura da criatividade estiver envenenada pelos nossos próprios complexos negativos internos ou pelas pessoas que nos cercam, os delicados processos que forjam nossas idéias também ficam poluídos. Passamos então a ser como um rio que morre. Isso não  é coisa ínfima , a ser ignorada. A perda do nítido fluxo criador constitui uma crise psicológica e espiritual.

...Quando a criatividade fica estagnada de uma forma ou de outra,  o resultado é sempre o mesmo: uma fome desesperada pelo novo, um enfraquecimento da fecundidade, uma falta de espaço para as formas menores de vida se localizarem nos interstícios das formas maiores de vida, uma impossibilidade de que uma idéia fertilize uma outra, nenhuma ninhada, nenhuma vida nova.

Nessa circunstancias sentimo-nos doentes e queremos seguir adiante. Vagueamos sem destino, fingindo poder sobreviver sem a exuberância da vida criativa, mas não podemos nem devemos. Para trazer de volta a vida criativa as águas tem de ficar claras e límpidas de novo. Precisamos entrar na lama, purificá-la dos elementos contaminadores, reabrir passagens, proteger a corrente de danos futuros.

Referência Mulheres que correm com os lobos Clarissa P Estés

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Doente por ser apenas normal




Vi muitas vezes que os homens ficam neuróticos quando se contentam com respostas insuficientes ou falsas às questões da vida.

Procuram boa  situação, casamento, reputação, sucesso exterior e dinheiro; mas permanecem neuróticos e infelizes, mesmo quando atingem o que buscavam.

Essas pessoas sofrem, frequentemente, de uma grande limitação do espírito. Sua vida não tem conteúdo suficiente, não tem sentido.

Quando podem expandir-se numa personalidade mais vasta, a neurose em geral cessa.
Por esse motivo a idéia de desenvolvimento, de evolução tem desde o início, segundo me parece, a maior importância.
Carl Gustav Jung

Trabalho

Não raro os ocidentais se admiram de que os chineses não tenham desenvolvido muitas outras ciências ... apesar de seus descobrimentos e invenções (ímã, pólvora, a roda, o papel, etc).

É que os chineses e outros povos asiáticos amam a vida tal como é vivida e não desejam convertê-la num meio de realizar outra coisa, que lhe desviaria o curso para um canal inteiramente diverso.

Gostam do trabalho pelo próprio trabalho, se bem que falando objetivamente, o trabalho signifique realizar alguma coisa.

Mas enquanto estão trabalhando, comprazem-se no trabalho e não tem pressa de terminá-lo . As máquinas são muito mais eficientes e realizam mais. Porém são impessoais, não criadoras e carentes de significado.

... A máquina nos apressa a concluir o trabalho e alcançar o objetivo pelo qual trabalhamos. O trabalho em si não tem qualquer valor senão como um meio.

Isto quer dizer que a vida perde sua faculdade criadora, enquanto que o homem passa a ser um mecanismo produtor de bens.

Isto quer dizer que a vida perde sua faculdade criadora, enquanto que o homem passa a ser um mecanismo produtor de bens.

‘Psicanálise e Zen Budismo’ foi escrito por Erick Fromm em 1960.

.... Imaginem hoje !










sexta-feira, 10 de junho de 2011

Porque a vida é louca assim?

- Ketut, porque a vida é louca assim? - perguntei a meu xamã.




- Bhuta ia, dewa ia - respondeu ele.

- O que quer isso dizer?
- O homem é um demônio, o homem é um deus. Os dois verdade.

Os seres humanos nascem com o mesmo potencial tanto para a contração quanto para a expansão. Escuridão e luz estão igualmente presentes em todos nós.

Essa idéia iogue eu conhecia bem. É em grande parte resultado da dificuldade do ser humano de encontrar um equilíbrio virtuoso consigo mesmo. A loucura é tanto coletiva quanto individual.

- E que podemos fazer quanto à loucura do mundo?

- Nada. Ketut riu, mas com gentileza. Essa é a natureza do mundo. Se preocupe só com sua loucura... Deixa você em paz.

- Mas como achar paz dentro da gente mesmo?

- Meditação - disse ele. Propósito da meditação é só felicidade e paz.

Referencia Comer Rezar Amar Elizabeth Gilbert

terça-feira, 1 de março de 2011

Você é capaz de realizar o que deseja ?




Ser capaz de fazer o que desejamos não é fácil. O desenvolvimento de uma vontade suficientemente forte era um dos principais interesses de William James. Sua psicologia versava sobre os vários estados de consciência.

 “Seja sistematicamente heróico em pequenos pontos desnecessários, faça todo dia alguma coisa tendo como única razão a sua dificuldade, de modo que, quando aproximar a hora de uma necessidade terrível, ela não possa encontrá-lo desencorajado ou desarmado para suportar o teste.
O homem que tenha se disciplinado diariamente em hábitos de atenção concentrada, volição enérgica e renúncia pessoal em coisas desnecessárias, erguer-se-á como uma torre quando tudo à sua volta se abater sobre ele”.
James, 1899
 
Realize diariamente um exercício sem utilidade.
O ato em si mesmo não é importante, mas ser capaz de fazê-lo, apesar dele não ter importância, é o teste crítico para a vontade.

Aqui vai uma sugestão para você experimentar:       
Marque 5 minutos no relógio.
1 – Arranje uma pequena caixa de fósforos;
2 – Ponha a caixa na mesa à sua frente;
3 – Abra a caixa;
4 – Tire as peças que estão dentro uma a uma;
5 – Feche a caixa.
6 – Abra a caixa;
7 – Ponha as peças de volta uma a uma;
8 – Feche a caixa;
9 – Repita as instruções de 3 a 8 vezes até que o tempo se esgote.

Depois que o exercício foi completado, anote os sentimentos que teve enquanto fazia.
Preste atenção a todas as razões em que você pensou para NÃO fazer este tipo de exercício Inútil.
Se você o repetir por vários dias ocorrerão mudanças.
Cada dia você descobrirá uma multidão de novas razões pelas quais você deveria parar.
Nos primeiros dias você poderá achar este exercício extremamente difícil.
Entretanto, se você continuar, seguir-se-á um período em que não apenas será fácil completar os cinco minutos, como também você terá uma impressão de poder pessoal e autocontrole depois do exercício.


As razões que você arranja para não fazer este exercício são uma lista parcial dos elementos de sua própria personalidade que inibem sua vontade em todos os setores de sua vida.

Não há uma ‘boa razão’ para continuar – apenas há sua decisão de fazê-lo.
Depois de feito o exercício por 5 dias, pode ser que você deseje reconsiderar o papel da vontade em seu benefício.

Referência Teorias da personalidade Fadiman e Frager