segunda-feira, 4 de julho de 2011

A força criadora

... Alguns dizem que a vida criativa está nas idéias. Outros, que ela está na ação. Na maioria dos casos, ela parece estar num ser simples.

...Mas  - trata-se de amor por algo, de sentir tanto amor por algo – seja por uma pessoa, uma palavra, uma imagem, uma idéia, pelo país ou pela humanidade – que tudo o que pode ser feito com o excesso é criar.

Não é uma simples questão de querer, não é um ato isolado da vontade. Simplesmente é o que se precisa fazer.

A força criadora escorre pelo terreno da nossa psique à procura de depressões naturais, os canais que existem em nós.

... Escorre para todos os leitos de que dispomos, aqueles que nascemos com ele bem como aqueles que escavamos com nossas próprias mãos. Não temos de enchê-lo. Basta que os formemos.

...Enquanto criamos, o ser misterioso e selvagem está nos criando em troca, está nos enchendo de amor. Somos atraídas como os animais são atraídos pelo sol e pela água.
    Ficamos tão vivas que retribuímos distribuindo vida.

... Em nossa psique a vida criadora tem cheias e vazantes, sobe e desce com as estações, exatamente como um rio natural.

... A criatividade não é um movimento solitário. Nisso reside seu poder. O que quer que seja tocado por ela e quem quer que a ouça, que a veja, que a sinta, que a conheça serão alimentados. É por isso que a observação da idéia, da imagem, da palavra criadora de outra pessoa nos preenche e nos inspira para nosso próprio trabalho criativo.

...Se a abertura da criatividade estiver envenenada pelos nossos próprios complexos negativos internos ou pelas pessoas que nos cercam, os delicados processos que forjam nossas idéias também ficam poluídos. Passamos então a ser como um rio que morre. Isso não  é coisa ínfima , a ser ignorada. A perda do nítido fluxo criador constitui uma crise psicológica e espiritual.

...Quando a criatividade fica estagnada de uma forma ou de outra,  o resultado é sempre o mesmo: uma fome desesperada pelo novo, um enfraquecimento da fecundidade, uma falta de espaço para as formas menores de vida se localizarem nos interstícios das formas maiores de vida, uma impossibilidade de que uma idéia fertilize uma outra, nenhuma ninhada, nenhuma vida nova.

Nessa circunstancias sentimo-nos doentes e queremos seguir adiante. Vagueamos sem destino, fingindo poder sobreviver sem a exuberância da vida criativa, mas não podemos nem devemos. Para trazer de volta a vida criativa as águas tem de ficar claras e límpidas de novo. Precisamos entrar na lama, purificá-la dos elementos contaminadores, reabrir passagens, proteger a corrente de danos futuros.

Referência Mulheres que correm com os lobos Clarissa P Estés

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