quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Alegria atenta



Enquanto me concentro na Alegria Atenta, me lembro da idéia simples de minha amiga Darcey.

Me falou certa vez que toda tristeza e dificuldade deste mundo é causada por pessoas infelizes.

A busca pelo contentamento não é apenas um ato de auto-preservação e de auto-benefício, mas também um generoso presente ao mundo.

Você deixa de ser um obstáculo não apenas para si mesmo, mas para qualquer outra pessoa.

Só então fica livre para ajudar e desfrutar outras pessoas.


Ketut meu xamã,  um dia me disse:
“ Fique sentada em silencio e sorria.”
Prá quê cara séria ao fazer yoga?
Cara séria assim, você assustar energia boa.
            
Sorrir com o rosto, com a mente, e boa energia vem até você e limpa energia suja.

 Sorrir até no seu fígado. Sem pressa, sem se esforçar demais.

                Séria demais, fica doente. Você pode chamar energia boa com sorriso.”

               Referencia Comer Rezar Amar Elizabeth Gilbert



O que acontece numa psicoterapia?

Tive um professor que nos ensinava psicoterapia através de uma analogia interessante.Para fins didáticos, dividia o ser humano em sete partes.

      1.     A maneira da pessoa andar, falar, agir – aquilo que podemos observar.

2.     Amores, ódios, desamores - o lado afetivo.

      3.       Como a pessoa se percebe, como percebe o mundo e como percebe as pessoas. –  as         
 sensações e percepções.

      4.       O mundo imaginário, onde entram os sonhos, os desejos,  fantasias -  que fornecem a    brecha para se penetrar nas outras áreas desta pessoa  –  seu mundo da fantasia.

5.       Aspecto intelectual, ideológico, religioso e também os preconceitos. – o funcionamento cognitivo.

6.       Como a pessoa se relaciona com ela mesma e com os outros.  Do indivíduo Só, para o indivíduo Sócio - a sociabilidade.

7.       E onde isto tudo acontece e se manifesta que é  - no corpo físico.

Como os processos psicológicos se manifestam no corpo através das psicossomatizações, observamos tais manifestações psíquicas na parte orgânica: dores de cabeça, problemas digestivos, respiratórios, circulatórios, de pele... e muitos outros.

Então,
Imaginemos  cada uma destas sete partes sendo os mecanismos que põem uma carruagem para  funcionar, e que o cocheiro é a consciência da pessoa.


A carruagem – a sua própria vida  - está na estrada ou fora dela.
Na maior parte das vezes o cocheiro está sentado no fundo da carruagem , com medo de assumir as rédeas, ou confuso, sem entender o que está acontecendo com a carruagem.


O psicoterapeuta avalia o estado da carruagem e vai se sentar ao lado do cocheiro, buscando  uma maneira da pessoa assumir o seu lugar. Depois de avaliar ele  mostra ao cocheiro que ele certamente pode e tem força para dirigir a carruagem- sua -vida.  Normalmente isto está esquecido.


O trabalho do terapeuta é levar o cocheiro a perceber cada detalhe da carruagem , saber como ela funciona,  e saber olhar a estrada.
Aprender a distinguir em que momentos há subidas, em que momento há descidas, e que ele pode dirigir a sua carruagem da maneira que bem entender, ter condições inclusive, de sair fora  da estrada, se é isso que deseja.


Se ele está em condições de assumir esse caminho, fora da estrada, se tem estrutura emocional para isso, ele está certo. Ninguém precisa ser igual a todos.


Muitas vezes – não estamos dizendo sempre -  o problema que a pessoa apresenta é apenas uma forma que encontrou para reagir às normas do sistema, à família, ao grupo social a que pertence.
 Não é um trabalho para o psicólogo adequar a pessoa ao sistema. E sim tornar o sujeito capaz de se melhorar,  e  por conseqüência, melhorar o mundo.


O apoio de drogas tais como tranqüilizantes, calmantes, excitantes, são apoio que  devem ser usados com muito critério e na hora certa.


 Isto porque as épocas de crise que a pessoa  enfrenta são talvez as fases mais importantes de seu processo terapêutico, situação em que ele poderá avaliar o teor de suas fantasias, delirar, botar tudo para fora. Os remédios fazem estancar ou esconder a crise.


Aquilo que não se resolve, aparece novamente depois.





Sempre/ sempre lembramos – que cada caso é um caso - e uma pessoa  é única na maneira de responder ao seu mundo externo e interno. Isto deixa para a psicoterapia  uma enorme margem de criatividade benéfica embasada   nos conhecimentos do profissional.
tereza, psicóloga


















quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pessoas gregárias e populares

Sabemos que precisamos dos outros e que  a solidão absoluta pode  nos conduzir à loucura.
Mas ........ Sempre existe o outro lado da moeda.

Vejamos o que nos diz a renomada psicanalista Melanie Klein,  fruto de sua pesquisa e experiência clínicas que tanto contribuíram  para aprofundamento na análise do psiquismo.
Tereza, psicóloga

O ódio pode ser utilizado para desviar ou encobrir o desejo ou o amor.

Ora, as pessoas gregárias e ‘populares’ de modo particular estão se servindo do amor para desviar o ódio e seus perigos.


Essas pessoas reúnem uma coleção de amigos, de forma que, em lhes falhando alguém, sempre terão outro a quem recorrer.


Além do mais, ter amigos e ser estimado constitui a seus olhos prova de que também eles são bons, isto é, de que a periculosidade neles é inexistente ou controlada com segurança.

Assim, ao rodear-se de bondade da qual podem se servir a qualquer momento, recriam para seu uso, através de sua atitude fantasiada inconsciente – uma espécie de seio materno substituto que está sempre à sua disposição, nunca os frustrando ou falhando.





Esta importante fantasia de um seio sempre generoso e eterno constitui naturalmente a defesa por excelência contra a possibilidade do despontar em nós mesmos de sentimentos de privação ou de destrutividade.
 Naturalmente é possível produzi-la mediante diversos outros recursos além do de acumular uma multidão de amigos, ‘o mundo é sua ostra’.

 A essência da fantasia é que podemos obter tudo o que desejamos, e então nos sentimos assegurados contra o perigo do vazio e da destrutividade que despertam quando não conseguimos obtê-lo.

Mas esta necessidade pode ter aspectos vorazes e implica com freqüência em reduzida capacidade de assegurar-se ou de produzir uma quantidade suficiente das coisas boas da vida.




Aqueles que exigem muito dos outros, na realidade, raramente dão muito aos outros.

Referência Melanie Klein e Joan Rivière – Amor, ódio e Reparação