Sabemos que precisamos dos outros e que a solidão absoluta pode nos conduzir à loucura.
Mas ........ Sempre existe o outro lado da moeda.
Vejamos o que nos diz a renomada psicanalista Melanie Klein, fruto de sua pesquisa e experiência clínicas que tanto contribuíram para aprofundamento na análise do psiquismo.
Tereza, psicóloga
O ódio pode ser utilizado para desviar ou encobrir o desejo ou o amor.
Ora, as pessoas gregárias e ‘populares’ de modo particular estão se servindo do amor para desviar o ódio e seus perigos.
Essas pessoas reúnem uma coleção de amigos, de forma que, em lhes falhando alguém, sempre terão outro a quem recorrer.
Além do mais, ter amigos e ser estimado constitui a seus olhos prova de que também eles são bons, isto é, de que a periculosidade neles é inexistente ou controlada com segurança.
Assim, ao rodear-se de bondade da qual podem se servir a qualquer momento, recriam para seu uso, através de sua atitude fantasiada inconsciente – uma espécie de seio materno substituto que está sempre à sua disposição, nunca os frustrando ou falhando.
Esta importante fantasia de um seio sempre generoso e eterno constitui naturalmente a defesa por excelência contra a possibilidade do despontar em nós mesmos de sentimentos de privação ou de destrutividade.
Naturalmente é possível produzi-la mediante diversos outros recursos além do de acumular uma multidão de amigos, ‘o mundo é sua ostra’.
A essência da fantasia é que podemos obter tudo o que desejamos, e então nos sentimos assegurados contra o perigo do vazio e da destrutividade que despertam quando não conseguimos obtê-lo.
Mas esta necessidade pode ter aspectos vorazes e implica com freqüência em reduzida capacidade de assegurar-se ou de produzir uma quantidade suficiente das coisas boas da vida.
Aqueles que exigem muito dos outros, na realidade, raramente dão muito aos outros.
Referência Melanie Klein e Joan Rivière – Amor, ódio e Reparação